MUDE com Elas – Multiatores superando a desigualdade de gênero e raça é a designação pública adotada para o projeto “Parcerias multiatores para incentivo à inclusão de jovens mulheres desfavorecidas no mercado de trabalho no Brasil”, cofinanciado pelo Ministério Federal de Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha (BMZ) e tdhA.
O projeto MUDE com Elas é implementado pela Ação Educativa, Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha e tdhA, esta responsável pela coordenação geral do projeto. As três entidades compõem um grupo gestor, compartilhando a elaboração estratégica e tomada de decisões.
Com duração prevista de três anos, iniciados no final de 2019, o projeto tem como objetivo construir um diálogo transformador para o enfrentamento das desigualdades de gênero, origem socioeconômica e raça no mundo do trabalho.
A desigualdade está no cerne da inserção no mundo do trabalho no Brasil: de forma geral, jovens têm sua entrada marcada pela desocupação, que entre os adultos era de 11% e para os jovens entre 14 e 24 anos era de 25,8% no último trimestre de 2019 (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística / Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua – IBGE/PNAC-C); pela baixa remuneração e por vínculos de trabalho mais precários e desprotegidos; além das crescentes exigências de formação e de atributos subjetivos, como a capacidade de trabalhar sob pressão.
Um olhar mais atento mostra ainda as desigualdades entre a juventude, com disparidades de classe social, gênero e raça que fazem com que as jovens mulheres negras sofram com os piores indicadores relativos a trabalho, para as quais, por exemplo, a taxa de desocupação era de 35% no final de 2019, 10 pontos percentuais acima da média geral para os jovens, ainda de acordo com o IBGE. São jovens que têm de lidar com a sobrecarga do trabalho doméstico atribuído às mulheres e com o racismo presente, ainda que de forma velada, em muitos processos seletivos.
Se em momentos de estabilidade econômica as famílias podem adiar a entrada no mercado de trabalho de seus jovens, em situações de crise a pressão por trabalho remunerado aumenta. Atualmente, a situação crônica da condição juvenil no mercado de trabalho no Brasil está agravada com o aumento da violência estatal contra jovens que vivem nas periferias das grandes cidades, em sua maioria negros e negras; com a recessão econômica e o aumento agudo da desocupação. O empobrecimento rápido das famílias, a crise sanitária e política são também fatores que ampliam os desafios do projeto para alcançar seu objetivo.
Porém, cabe entender a busca por trabalho como parte da construção da autonomia e independência pela juventude. Assim, é necessário criar estratégias que garantam direitos nessa inserção, considerando suas especificidades. Um esforço nesse sentido foi feito na construção da Agenda Nacional do Trabalho Decente para a Juventude, elaborada em 2011 por um comitê do governo federal, com apoio técnico da Organização Internacional do Trabalho (OIT). A Agenda propõe como prioridades: mais e melhor educação; conciliação dos estudos, trabalho e vida familiar; inserção ativa e digna no mundo do trabalho, com igualdade de oportunidades e de tratamento; e diálogo social. O projeto está em andamento, com a realização de ações de planejamento, elaboração de estudos, fortalecimento do grupo gestor por meio de oficinas temáticas pertinentes ao projeto e mapeamento de atores relevantes para estabelecimento de parceria, além da confecção de materiais de divulgação. O grupo gestor tem se reunido regularmente valendo-se de meios digitais e avaliando o melhor momento para retomar atividades presenciais em face da crise sanitárias provocada pelo novo corona vírus.